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27.9.02
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::Você Se Foi
Você se foi
Pra bem mais longe de onde eu possa te encontrar
Nem disse adeus
Não sei como achou que eu não ia notar
E eu me perdi
No meio de infinitas dúvidas, procurando um porquê
Não me encontrei
E agora a culpa que eu nem sei se tenho quer me corroer
Nenhum motivo
Nenhum sinal
Nada me revela o que te levou daqui
Nenhum destino
Nenhum ideal
Num labirinto interminável, não sei pra onde ir
Você deixou
Um cheiro doce no meu quarto e um rombo enorme no meu coração
Nem se tocou
Que o que existia entre nós era bem mais que uma atração
Trancou a porta
E colocou em universos diferentes dois corpos que há pouco eram um só
Deixou aberta
Uma tristeza no meu olhar e a certeza de que não fiz o meu melhor
Nenhuma dúvida
Ou preocupação
Nem hesitou em partir e me deixar pra trás
Nenhuma esperança
Nenhuma ilusão
Nada que alimentasse meu desejo de vê-la uma vez mais
Você se foi
E aqui deixou
Um cais vazio
Num porto seguro onde pela eternidade juntos poderíamos viver
Você se foi
E nem deixou
Que eu dissesse que pra sempre vou estar aqui
Esperando por você
enviado por
fitomaia. as 03:40
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::P R O C U R A - S E
Procura-se um amor urgente
Capaz de fazer palpitar o mais indiferente dos corações
Não há que ser tão bela ou inteligente
Mas há que roubar os sentidos e confundir as emoções
Procura-se um amor
Que só queira de presente a presença do ser amado
Que confidencie a ele as melhores aventuras e os piores pecados
Que saiba sempre perdoar e pedir perdão
Que saiba ser amante e companheira na mesma proporção
Procura-se um amor
Que não tenha prazo de validade ou contra-indicação
Que não queira em troca de seu amor a liberdade do ser amado em questão
Que só exija soluções para o que pode ser solucionado
Que não crie uma catástrofe caso um “bom dia” não lhe seja dado
Não há que saber cozinhar, lavar e passar perfeitamente
Mas há que saber decifrar pelo olhar o que o seu companheiro sente
Não há que ter dotes artísticos ou nenhuma outra vocação
Mas há que saber a cada dia somar mais amor dentro do coração
Procura-se um amor
Que seja capaz de enfrentar o mundo
Para impedir seu amado de derramar uma só lágrima de tristeza ou de dor
Que sofra e sorria com ele
Mas que saiba amenizar seu sofrimento e trazer-lhe quanto mais felicidade possível for
Procura-se um amor urgente
Que traga de volta à vida um agonizante coração
Que seja capaz de devolver a um poeta o seu dom e a sua inspiração
Não há que ser perfeito
E caso não cumpra à risca os requisitos desse anúncio que aqui se faz
Que seja apenas um amor
Sincero
Puro
E eterno
E nada mais
enviado por
fitomaia. as 03:38
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::Pierrô
Pierrô sozinho no salão
A festa que nunca começou
Alegria em extinção
Pouca paz, nenhum amor
Pierrô sozinho no salão
Sem confete e serpentina
Uma lágrima no chão
Saudades da Colombina
Que com o Arlequim foi embora
Levou os sorrisos da multidão
Ficaram um coração pedindo esmola
E o Pierrô sozinho no salão
enviado por
fitomaia. as 03:36
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::Insônia
Nenhum amor platônico
Nenhum amor perdido
Nenhuma feliz chegada
Nenhuma árdua despedida
Nenhuma bela paisagem
Nenhuma bela personagem
Nenhuma sensação
Nenhuma inspiração
Só um corpo na cama
Cansado
Pesado
Soninho
Sozinho
E o sol lá fora
enviado por
fitomaia. as 03:35
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::Joguei meu passado no lixo
Joguei meu passado no lixo
Me desfiz de tudo
As lembranças
De quem eu fui
De quem ainda sou
Rabiscos, cálculos, teorias
Foram tantos, eram tantos
E nada ficou
Joguei no lixo
O pretérito imperfeito
E o mais-que-imperfeito
Perfeito nunca foi...
Eu que era perfeito!
Sabia de tudo de uma só vez
Eu que era perfeito?
Era o 1 + 1 = 3
Joguei no lixo
A papelada toda
E os neurônios que nela deixei
As horas a fio decodificando
O que eu não sabia
E não sei
Enfiei no fundo do lixo
Os dias que deixei de viver
O medo
O relógio adiantado
O olhar lacrimejante
Enfiei no lixo
O espelho
A feiúra em conserva
A perna-de-pau
O crânio
E o esqueleto restante
Enterrei no fundo do lixo
Os abutres
As jararacas
E os urubus
Enterrei e fiquei de luto (por)
Uns anjos meus
Que se foram sem pedir permissão
Sem dar adeus
Joguei meu passado no lixo
Mas para não ficar com a estante vazia
Deixei as estrofes
E as melodias
Com as quais vou tentar construir do meu jeito
O presente-mais-que-perfeito
Joguei meu passado no lixo
Enfiei tudo num saco
E levei pra bem longe
O lado vil do dilema
Joguei no lixo
O passado que nunca tive
O passado que ainda pensa que vive
Nos versos desse poema
enviado por
fitomaia. as 03:33
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::Encontro
Amanhã, se eu te encontrar
Talvez não tenha buquê de rosas
Ou outro agrado para te ofertar
Mas tenho boca e braços
Não vêm com brilhos e laços
Mas dão tantos beijos e abraços
Que nada mais preciso será
Amanhã, se eu te encontrar
E não vir em ti aquele sorriso
Tão comum, que nem preciso
Me esforçar para podê-lo ganhar
Te darei logo um aviso
De que sem a doçura do teu riso
Mais longe fica o paraíso
Para onde quero te levar
Amanhã, se eu te encontrar
E perceber que dentro de ti
Não és capaz de por mim sentir
O mesmo amor que por ti em mim há
Então te darei o eterno adeus
E na insaciável fome de beijos teus
Morrerei da dor que é o amar
enviado por
fitomaia. as 03:30
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::Quase
Quase fui ao topo
Quase cheguei lá
Quase mudei meu mundo
De conceitos, de lugar
Nesse quase-não-quase
Ralei a cara no chão
Abriram-se algumas feridas
Que iam até no coração
Quase dei pirueta
De alegria, de alívio
Quase cantei vitória
Quase dei assovio
E foi no quase-não quase
Que eu fechei as pernas
Fiquei parado
Calei a boca
E fingi que eu quase não sabia
Que eu quase tinha chegado lá
enviado por
fitomaia. as 03:28
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::O Primeiro Pranto
Hoje eu desabafo
Como se há mais de séculos eu não o fizesse
Hoje eu me entrelaço
Nas linhas desse texto como se assim eu quisesse
Simbolizar o quão confuso o momento está
Representar os rumos que a vida pode levar
Ah, e são tantos! . . .
Ontem eu me vi à beira de um sonho
A um passo da fronteira entre ilusão e realidade
Hoje o que me proponho
É não derramar tantas lágrimas por não estar em liberdade
Pra sonhar, esperançar, buscar nos delírios a fuga mais pura
Dos desejos, desafios, da rotina que tortura
Tortura. . . a ponto de embaraçar os pensamentos
Atropelar as alegrias, enegrecer os bons momentos
Tortura e não pára, alegra-se em prosseguir
Até que as lágrimas não se contenham e comecem a cair
E elas se vão . . . convertem em rios minha dor, minha solidão
Eu que há bem pouco tinha o brilho do mais reluzente metal
Agora me acho perdido num labirinto continental
Onde só existe um ser
E uma única saída a se achar
Onde só há o sofrer
E tudo que a ele pode nos levar . . .
. . .E aquele que há bem pouco era o rei
O expert na junção melódica das palavras
Agora já as desordena, num desafino que entristece quem as cantava
Para todos os lados, por todo lugar
E a cada instante, mais eu vejo minha imagem se distanciar
De todos que me cercavam, os poucos que ainda estavam ao meu lado
Que deixaram um rastro nebuloso, triste, assustador, gelado
Se distanciando daquele que eles tinham que aturar
Das palavras venenosas que ele estava sempre a destilar . . .
. . . Por isso hoje eu desabafo, esqueço a timidez
E tento me declarar como se fosse a primeira vez
Como se fossem esses meus primeiros suspiros que vão se eternizar
E como se essas velhas companheiras
Fossem as primeiras lágrimas que eu estivesse a derramar
Como se fosse a primeira desilusão, a primeira sensação de dor
Como se fosse meu o meu coração, e como se nele houvesse amor. . .
. . . Desabafo e digo que o que melhor sei é sofrer
Exclamar minhas desilusões com toda a intensidade que ainda posso ter
Desilusões, que quando caladas, se comprimem e dão peso a meu vago coração
Mas, que quando livres, linhas suficientes para se abrigarem não encontrarão
E vão se perder rumo ao infinito, à imensidão
Assim como meu pranto e minha inspiração
Que se iniciam com um descontentamento, uma inquietação dentro de mim
E que só hão de me deixar quando em meus versos for escrita a última lágrima
Meu fim
enviado por
fitomaia. as 03:27
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::As Estrofes Da Minha Vida
Minha vida são estrofes
Onde as fiéis amigas letras
Brincam cada instante, cada dia
E se reúnem para formar palavras
Repletas de alegria
E amor, paz e sabedoria
São constantes sensações
Que minhas estrofes declamam
Em belíssimas declarações
E dificilmente minhas estrofes
Choram de tristeza
Costumam, ao contrário,
Exaltar muita beleza
E na paz que as recebo
Sem economizar harmonia
Formo com as estrofes da minha vida
A mais bela poesia
enviado por
fitomaia. as 03:25
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::Astronauta
O mundo parece bem melhor
Quando olhado de fora
Quando ultrapassamos as fronteiras
Nos libertamos para o novo
E quem não quer o novo?
Ah, como é difícil o novo!
As surpresas, os desafios
Se tornam maiores
Quando as mentes que nos rodeiam
São velhas
E menores
Queria ser astronauta!
enviado por
fitomaia. as 03:24
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::Um
Corri o quanto pude
Evitei parar e refletir
Sem aviso fui embora
Sem nem ter pra onde ir
Deixei tudo pra trás
Os restos da ilusão
Na bagagem esperança
Um tênis velho e o coração
Que ainda grita o teu nome
Desesperadamente
Que ainda desperta em mim
Os desejos mais ardentes
Cada vez que me lembro
Da tua pele, do teu calor
Dos beijos inebriantes
Das carícias de amor
Dos prazeres mais íntimos
Que estavam em jogo
Da metáfora recorrente:
Nós dois pegando fogo
E queimando, queimando...
Até não sobrar nada
Só cinzas e dor
E uma porta aberta rumo à estrada
Na qual eu corro, corro...
Tento fugir de mim
Negar cada sentimento
Pra recomeçar enfim
...Ah, se fosse fácil
Deixar o mundo pra trás
E fazer tudo de novo
Já sabendo como se faz
É um desejo perfeito
Mas o coração dentro do peito
É burro, é torto, incapaz
E em vez de querer a revolta
Tenta o caminho de volta
Pra viver o que não dá mais
E me faz sofrer, faz chorar
Enquanto corro estrada afora
A distância dos corpos aumenta
A lembrança fica, mora
E eu fujo, fujo, fujo...
Numa correria vã
Cujo fim sempre será
Amanhã... Amanhã...
Pois quanto mais eu me afasto
Mais me sinto dependente
Do teu carinho
Dos teus abraços
Do teu corpo envolvente
Quanto mais eu tento achar
Um novo rumo, uma nova saída
Mais eu faço de você
Uma necessidade em minha vida
E quanto mais eu tento me convencer
Que eu sei muito bem seguir
Meu caminho sem amor algum
Mais fácil fica perceber
Que eu e você
Há muito já somos um
enviado por
fitomaia. as 03:23
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::Confidência
Me sinto tão vazio, tão modificado
Tenho dúvidas do que fazer, das palavras para dizer
Sobre qual tema escrever
Amor, Solidão, Saudade, Futuro, Presente, Passado...
Tô precisando é falar de mim
Tô precisando desabafar
Procuro me entender, tento me achar
No meio de todos, no meio do nada
Neste vasto mundo de fronteira ilimitada
Não estou mais aqui neste Universo
Não estou mais comigo, não estou nos meus versos
Que agora falam por si só
Que me impedem de entender
Se sou o único incompreendido, o único a sofrer
As lágrimas beiram a cair, a caneta treme em minhas mãos
Por um momento esqueço a vida, a família, os amigos, os irmãos
E pela janela do quarto olho a Natureza lá fora
E me sinto aqui preso
Pela dúvida, pela diferença que em mim ainda mora
Tento me libertar, aliás, às vezes não penso em outra coisa além disso
Mas a razão vem (maldita razão) para me alertar, me dar “juízo”
E agora o pensamento vaga, as idéias escapam
Os sentimentos se escondem
Tenho medo do daqui a pouco, do amanhã
De algo, de alguém, d’algum lugar, de tudo
E quando penso livrar-me do medo. . . me iludo
Respiro, penso, tento escrever um pouco mais
Mas agora a tristeza retorna, o vazio se transforma
As mãos tremem, a caneta quase não funciona
Agora tenho vontades, tenho dores, tenho desejos
São sentimentos múltiplos que me confundem enquanto vejo
A Natureza lá fora, imponente, senhora de si
Os pássaros can. . . tan. . . do
Desculpem-me, mas não pude conter, a lágrima quis cair
Fico meio sem-jeito de chorar aqui
Na frente desse papel, dessa caneta, desse texto que estou a escrever
Mas quem liga, ninguém vai saber
Tento, retento, penso no que dizer, falar
Mas as idéias cada vez mais
V . . . a . . . g . . . a . . . s
Resolveram me abandonar
E meu coração vago, não mais que minha terra e meu céu
Sofre de dúvida, dor que assombra o meu eu
Invade o Universo, rouba o meu verso
E faz com que uma lágrima caia sobre este papel
enviado por
fitomaia. as 03:22
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::O Poema Azul
Hoje pensei em escrever um poema azul
Um bloco monocor de palavras
Exaltando minha paixão por esta cor de norte a sul
Para expressar os seus encantos
A beleza e a imponência singulares
Que os vermelhos e amarelos não têm
E descrever cada um de seus tons
Formando um perfeito degradé
Que convença até mesmo as outras cores a idolatrar o azul também
Hoje pensei em escrever um poema azul
E por um momento
Meu coração se tornou um barquinho perdido no mais lindo de todos os oceanos
E por ali queria ficar, velejando por anos e anos
E quando não mais houvesse meios de se equilibrar e seguir em frente
Mergulharia naquela perfeita aquarela de azuis
Para ali descansar eternamente
Hoje pensei em escrever um poema azul
E me encontrei batendo as asas e voando serelepe como um pássaro
Que pela primeira vez explora a mais perfeita criação de Deus: o céu
E conheci cada pedacinho da imensidão
Que não serei nunca capaz de descrever em um papel
Observei o passar das horas
E o escurecer dos azuis anunciando o anoitecer
E a cada pedacinho de céu que visitava
Surgiam mais surpreendentes e belos azuis para eu conhecer
Hoje pensei em escrever um poema azul
Mas quando olhei ao meu redor
Percebi que os verdes, vermelhos e amarelos também tinham sua beleza
Também eram imponentes e repletos de riqueza
Mas mesmo assim não eram merecedores de homenagem magistral
Porque não despertavam em mim amor incondicional
Amor puro, bonito, imenso
Cantado de norte a sul
Amor do tamanho do mundo
Do mundo que é azul
enviado por
fitomaia. as 03:20
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::Desilusão
Faltam sonhos
Inspirações e motivos para seguir em frente
É só pedra e mais pedra
É só pedra e sol quente
Falta um brilho especial
Um sorriso sem compromisso
Faltam nuvens, faltam flores
Falta parecer o paraíso
Só há pressa, multidão
Pouco tempo, exaustão
Fome, calor e sede
Peixe preso na rede
Falta alegria, descontração
Faltam neurônios turbinados
Sobra tanta repetição
Medo exagerado
Falta muito, sobra muito
Nunca se tem o que se quer
Falta tudo, sobra tudo
Mas eu peito o que vier
enviado por
fitomaia. as 03:19
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::Pleno
Céu, sol nascente
Momento de paz
Minh'alma reluz
Por fora e por dentro
Os limites que impus
Já não existem mais
Brisa matinal
Leva as culpas, os medos
Mais leve
Em liberdade total
Fico bem, mas em segredo
Egoísmo? Sei lá
Em que difere saber?
Só não há vontade de reencontrar
Aquela brisa
Com os males que não mais quero ter
Raios imponentes
Fazem meu ser ensolarado
Mais seguro, contente
Que encara o negro, o nublado
E vence por lógica divina
É melhor, é mais
Minh'alma sobe dez degraus acima
Sou feliz!
É demais
enviado por
fitomaia. as 03:18
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::Um Tempo
Cacos quebrados
Pedaços de mim
Sobras passadas
Vestígios do fim
Neblina no céu
Desespero no olhar
Chuva, temporal
E cada lágrima em seu lugar
Frio, vendaval
Meu coração congelado
Destruição total
Irreconhecível, dilacerado
Escuridão da noite
Abandono, solidão
Bom humor e alegria
Primeira alucinação
Dores por todo o corpo
Na metade ainda presente
Sinais de putrefação
Fraco, pálido, deprimente
O fim de todos os tempos
A transição, o nunca mais
Logo ali, a redenção
E aqui, amor demais
enviado por
fitomaia. as 03:16
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::O Que Não É
E aí como é que vai, por que ainda não morreu
Engraçado, o mundo inteiro tá melhor do que eu
Todos cantam, todos riem, tudo está em seu lugar
Só eu que sofro, eu que grito, eu que não posso amar
Já não amo e já não quero e já não consigo também
Sou o poço de todo o fedor e a desdém
A sobra mais ordinária, a idéia mais canalha
O que funciona justamente quando todo o resto falha
O rei, das calúnias, das lorotas
O errado, indecente, esquisito, idiota
O que se assume e se resume em uma única só palavra
Não posso
Alegrar-me
De ser
Alguém legal
Pois não sei nem ser alguém, não sei nem ser mortal
O que vive, o que sofre, o que faz, o que jaz
O que espera a vida inteira alcançar o nunca mais
Quisera eu, pudera eu fazer meu mundo girar
Mas só eu não sei viver, só eu não sei amar
E dar a alguém um pouquinho de sentimento
Ha! Ha! Ha! Se é que eu sei do que se trata
O sentir, o dar, nessa alma que só maltrata
A si própria e ao resto da civilização
Que levita, parasita, se contenta com o que lhe dão
Alma inimiga, mendiga
Que não sabe se entregar, que não sabe seu lugar
E faz de mim o coitadinho que não consegue nem amar
O coitado que se esquece como o mais mísero grão
O que ninguém reconhece, ninguém dá a mão
O que sonha escondido, porque não pode sonhar
O que pede socorro e ninguém quer salvar
Que só conhece a diversão quando vê alguém sorrir
E que se priva das únicas emoções que é autorizado a sentir
O mais pobre sujismundo, uma pena podre jogada ao léu
Que se sente um passarinho quando há caneta e papel
Mas logo vem uma arma para o pássaro matar
E pra que eu perceba que sou o único que não pode amar
Que não pode se mexer, nem um segundo, nem um momento
Que deve se deixar levar por onde soprar o vento
Porém não me nego, não me cego
Não troco o não pelo sim
Pois de qualquer outro modo saberia que sou assim
O côncavo convexo, completamente sem nexo
O último a respirar, o inverso do que há
Não padeço, só reconheço o que me sobrou enfim
O
Fardo
Inaceitável de viver dentro de
Mim
enviado por
fitomaia. as 03:15
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.a
| M |u
| E |nor
.o
.p
enviado por
fitomaia. as 03:13
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::A Última Declaração
O que aconteceu com você
O que aconteceu com nosso amor
Onde estão as faíscas que nos incendiavam
Onde estão os beijos que me torturavam
Por que é que tudo isso acabou
Nós sonhávamos com uma vida perfeita
Nós sonhávamos poder sempre sonhar
E esses sonhos destruíram nossas vidas
Os sonhos fizeram você me abandonar
Agora eu sinto falta de tudo que me fazia te adorar
Da grandeza da tua sabedoria, do aroma do teu ar
Do teu cheiro no meu corpo
O calor do teu toque
De cada palavra que você me suspirou
De cada segundo que você me amou
Agora eu sei que não dá pra não te ter
Que eu vivo somente porque existe você
Também sei que você não quer mais assim
Que o seu sol ainda brilha sem o calor que há em mim
Só quero que saiba que é por você que sofro tanto
Por você eu escrevo e derramo este pranto
Por você eu me esqueço e me deixo pra trás
Já que alguém novamente não serei nunca mais
enviado por
fitomaia. as 03:12
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enviado por
fitomaia. as 03:11
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:: ...
Distração
Confusão total
Vazio na mente
Espaço sideral
Pensamento vago
Rarefeito
Concisão?
O vácuo perfeito
Continuação?
Cadê o início?
Falta de conclusão
Incontrolável vício
Perdido no tempo
Presa fácil
Sem adrenalina
Sem sódio e potássio
Boa noite?
Condolências
Distúrbio mental?
Reticências
enviado por
fitomaia. as 03:10
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::Para Ela
Quero escrever um poema para ela
Com as mais lindas palavras e as emoções mais sinceras
Falar-lhe tudo o que sinto
O que seus encantos causam em mim
Abrir as portas do meu coração
E deixar que saltem os íntimos desejos de amor sem fim
Quero o poema mais bonito
Que a faça pegar fogo por dentro e desenhe lágrimas em seu olhar
Quero um poema infinito
Onde cada letra represente o quanto nossa união irá durar
Quero um poema perfeito
Que descreva minuciosamente sua beleza moldada por Deus
Quero um poema feliz
Que descreva a sensação dos meus olhos ao encontrar os seus
Quero que se torne um hino
Cantado ao redor do mundo para que todos saibam o que por ela eu sinto
Quero que se torne um símbolo
E represente o mais puro de todos os sentimentos
Quero que seja iluminado
Assim como minha vida, que se tornou um eterno dia ensolarado depois de conhecê-la
Quero que lembre o céu
Que visito todas as vezes em que me encontro ao lado dela...
Quero escrever um poema para ela
Mas não sei se sou capaz de dar às palavras o formato do meu coração
Para que, quando lê-lo, ela saiba o que realmente está segurando em suas mãos
Tentarei enfim concebê-lo, e correrei pros braços dela para ansioso ouvi-la ler
E então beijá-la, em meu corpo tê-la, e ouvir dela um "AMO VOCÊ"
enviado por
fitomaia. as 03:08
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::Por Trás Da Porta
Andei te escutando por trás da porta
Esperei descobrir uma verdade torta
Andei te escutando, e não ouvi nada
Suas verdades tortas estavam caladas
Tentei te olhar por trás da porta
Esperei descobrir uma face morta
Tentei te olhar, mas nada havia
Sua morte estava repleta de alegria
Quis te sentir por trás da porta
Esperei descobrir uma sensação nova
Quis te sentir, mas algo me impediu
Suas sensações novas ninguém jamais descobriu
Sonhei te querer por trás da porta
Esperei realizar um sonho incrível
Sonhei te querer, uma vontade tanta
Que de nada adianta, pois você é impossível
enviado por
fitomaia. as 03:07
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::Frígido
Esse poema celebra
A falta de inspiração
O nada, o ócio
Da mente e do coração
Celebra a total
Ausência de sentimentos
De aventuras, de prazeres
Dos bons e melhores momentos
Esse poema celebra
O excesso de clichês
Frase feita, lugar-comum
O artifício de ser artificial
A totalidade do nenhum
Celebra o feio, o insensato
O marginal, o mais errado
A estridência de um grito
E o poema infinito
Celebra a tristeza, o sofrimento
O caos no seu estopim
A frigidez, o ressentimento
E tudo mais que há em mim
enviado por
fitomaia. as 03:06
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1.9.02
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::Cirque
Domingo ensolarado
Lona armada no gramado
Refrigerante e pipoca
A música que a banda toca
As famílias reunidas
Respeitável público
O palhaço colorido
Gargalhadas em coro
Os mistérios do mágico
A pequenez do anão
A inteligência fantástica
Do elefante e do leão
Perigo no globo da morte
Show de pirotecnia
O malabarista, o equilibrista
Mais e mais alegria
Uma grande surpresa no final
Um espetáculo belo e rico
Respeitável público
O maravilhoso mundo do circo
enviado por
fitomaia. as 00:31
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